sábado, 12 de abril de 2014

Até outro dia eu lia 'As flores do mal', de Charlies Baudelaire, aquele poeta francês do século XIX. É um tantinho deprimente.  Mentira, é o fundo do poço mesmo. É luz que cega. Tem o horror de um rato morto no caminho. É sádico como quem enfia o dedo na nossa ferida. Por mais que eu queira exagerar, qualquer coisa (e todas as coisas juntas) é insuficiente, não dá conta de exprimir o que senti. Não li todo e já devolvi na biblioteca. E só por isso eu sobrevivi. Mas foi por pouco.

Pra tirar o peso e a dor nos ombros causados por Baudelaire, peguei 'Comédias para se ler na escola', do Luis F. Veríssimo. Já tinha lido esse e dado boas risadas, dessas de doerem as bochechas; tem umas crônicas engraçadíssimas. Mas não funcionou dessa vez. Li ávida, querendo alegria, vibração, leveza... Baudelaire foi um golpe e tanto! Comecei e terminei numa tarde, sem sucesso. Estranho, porque eu tenho o riso frouxo. Rio muito facilmente e tenho bom humor, quase inabalável. Quase. Quando terminei, ainda tinha uma melancolia terrível!

Peguei também 'De amor e de sombras', de Isabel Allende.

'Só o amor com sua ciência nos torna tão inocentes - Violeta Parra'. Descobri há pouco que é o verso de uma canção, mas li na epígrafe do livro da Isabel. A propósito, eu gosto muito de epígrafe. Quando bem escolhida, ora me anima mais para a leitura adiante, ora me prende na página lendo repetidamente as suas poucas linhas. E mais: sempre achei epígrafe um charme.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A tristeza permitida - Martha Medeiros

Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair para compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?
Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer para eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.

sábado, 17 de novembro de 2012




09 de novembro de 2012. Eu estive pertinho do Ney Matogrosso. Confesso que eu acho meio bobo isso de ficar tietando artista e tal. Mas foi irresistível! Afinal, não era qualquer artista, era o Ney Matogrosso.
Eu vi ele pelado também. As pessoas não entendem, parecem achar que eu tô mentindo, ou falando em código, querendo dizer outra coisa. Mas não, eu vi mesmo Ney Matogrosso nu. E ele tá bem pra quem já passou dos 70. Enfim, quem quiser acreditar, beleza; quem não quiser, tá... fazer o quê, né?!
Só pra deixar as pessoas mais curiosas, eu não só vi ele nu, mas vi de perto.
Ah, ele é lindo, elegante e simpático!

quarta-feira, 23 de maio de 2012



Eu assisti o depoimento de Xuxa no quadro "O que vi da vida", exibido no último domingo, 20, no Fantástico. De lá pra cá, muitos e variados são os comentários acerca do depoimento. E me ocorreu um pensamento que preciso externar.
Pode até ser que tenha sido só para aparecer (sobre isso eu nem pensei, e nem faz diferença pra mim), mas não consigo aceitar que as pessoas façam piada disso, nem reconheçam pelo menos a importância da fala dela enquanto estímulo. Estímulo?! Sim, estímulo. Ela só disse agora, aos 49 anos, mas eu acredito sim que as denúncias podem aumentar significativamente depois dessa fala.
Vi muita gente falando que o depoimento serviu para desviar a atenção do caso Cachoeira, coisa e tal... como se pensar e discutir essa violência enquanto fenômeno recorrente na sociedade não fosse importante. Eu nunca vou entender.
Se essa revelação de ter sido abusada sexualmente na infância foi estratégica, eu digo sem medo de ser rechaçada: é o que menos importa para mim. O que não me sai da mente é o momento em que ela fala que abraçou a causa porque ela sofreu isso e, portanto, ela sabe como as crianças se sentem. Tenho medo é disso. O que me preocupa é perceber que ela e muitas outras pessoas só se envolvem com determinadas lutas quando lhes atinge diretamente.
Não tô aqui pra defender a Xuxa, nem pra acusá-la de nada. Só não sei desprezar a representatividade dessa fala para tantas pessoas que tenham passado, e outras que ainda passam por alguma experiência similar.