quarta-feira, 23 de maio de 2012



Eu assisti o depoimento de Xuxa no quadro "O que vi da vida", exibido no último domingo, 20, no Fantástico. De lá pra cá, muitos e variados são os comentários acerca do depoimento. E me ocorreu um pensamento que preciso externar.
Pode até ser que tenha sido só para aparecer (sobre isso eu nem pensei, e nem faz diferença pra mim), mas não consigo aceitar que as pessoas façam piada disso, nem reconheçam pelo menos a importância da fala dela enquanto estímulo. Estímulo?! Sim, estímulo. Ela só disse agora, aos 49 anos, mas eu acredito sim que as denúncias podem aumentar significativamente depois dessa fala.
Vi muita gente falando que o depoimento serviu para desviar a atenção do caso Cachoeira, coisa e tal... como se pensar e discutir essa violência enquanto fenômeno recorrente na sociedade não fosse importante. Eu nunca vou entender.
Se essa revelação de ter sido abusada sexualmente na infância foi estratégica, eu digo sem medo de ser rechaçada: é o que menos importa para mim. O que não me sai da mente é o momento em que ela fala que abraçou a causa porque ela sofreu isso e, portanto, ela sabe como as crianças se sentem. Tenho medo é disso. O que me preocupa é perceber que ela e muitas outras pessoas só se envolvem com determinadas lutas quando lhes atinge diretamente.
Não tô aqui pra defender a Xuxa, nem pra acusá-la de nada. Só não sei desprezar a representatividade dessa fala para tantas pessoas que tenham passado, e outras que ainda passam por alguma experiência similar.

domingo, 13 de maio de 2012

De Luis Fernando Veríssimo

"Um americano, cujo nome até hoje é reverenciado onde quer que diretores lojistas se reúnam, mas que no momento me escapa, foi o inventor do Dia das Mães. [...]
- Nós só ganhamos dinheiro mesmo no Natal. No resto do ano...
[...]
- Precisamos criar dois, três, muitos Natais!
[...]
- A mãe! O Dia das Mães...
Foi um sucesso. Ninguém podia chamar aquilo de oportunismo comercial, pois ser contra o Dia das Mães equivaleria a ser contra a Mãe como instituição. Isto chocaria a todos, principalmente às mães. Que, como se sabe, formam uma irmandade fechada com ramificações internacionais. Como a Máfia. As mães também oferecem proteção e ameaçam os que se rebelam contra elas com punições terríveis que vão da castração simbólica à chantagem sentimental. Pior que a Máfia, que só joga as pessoas no rio com um pouco de cimento em volta."

sexta-feira, 4 de maio de 2012

24 horas

"O que você faria se só te restasse esse dia? Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria..." - Lenine
De repente, quanto culto ao símbolo do infinito! Para mim é só um oito deitado. Pois eu não quero nada infinito, porque eu sou finita. O máximo que suporto é o que encerra quando eu encerro, aquilo que só poderá existir pra mim enquanto eu existir. A gente não dá conta do que fica... porque a gente não fica pra sempre.