domingo, 27 de junho de 2010

Humanos e... humanos?


É humano personificar o que não é humano, e o inanimado!
Dos que lembro agora, da literatura, o Cortiço (por Aluísio Azevedo), que ainda cometo a "besteira" de escrever com letra maiúscula; e Baleia, a cachorrinha de Vidas Secas (por Graciliano Ramos); da música, Parabólica (do Engenheiros do Hawaii).
O Cortiço "assistia" a tudo, e mais, colaborava para aqueles acontecimentos toscos e cômicos; parecia que tudo aquilo só acontecia ali... tudo tão próprio; o Cortiço "possuía" seus moradores.
Baleia. Nas duas vezes que li "Vidas Secas" fiquei impressionada! Humanos tão belamente animalizados, e uma cachorra pensante! Acredite. Baleia pensa. Graciliano faz de forma tão intensa, inteligente e constante que chega a confundir... Bichos são "irracionais"? Porque Baleia só falta falar.

Parabólica - Engenheiros do Hawaii

"Para mim
Prenda minha parabólica
Princesinha parabólica
O pecado mora ao lado
E o paraíso... paira no ar"

A primeira vez que ouvi essa música achei que era uma declaração de amor. E é. Uma declaração, uma música inteirinha dedicada a... uma antena parabólica.
Mas a prosopopéia da vez é do esporte: a jabulani Jabulaaaaaniiii! A bola da Copa 2010 está mais famosa e comentada do que o país que está sediando o evento.
"A Jabulani que enganou o goleiro", "A Jabulani que traiu o jogador", "Jabulani pra cá", "Jabulani pra lá". E até saber que a bola não se chamava "bola", eu muito inocentemente: "Quem é Jabulani?"
Eu gosto de futebol e de Copa do Mundo, mas daí saber que quando o narrador fala "Jabulani" ele refere-se à bola... [uma garapa, por favor]
E depois da Copa, alguém arrisca qual será a próxima "coisa" descoisificada?
Muito frequentemente, ouve-se "não vivo sem meu isso", "não vivo sem meu aquilo"; o que já não lembro é qual foi a última vez que ouvi  alguém falar "não vivo sem fulano(a)". É que houve uma inversão de papéis. Espero que as coisas humanizadas um dia lembrem de "descoisificar" os humanos.

3 comentários:

  1. Lai, realmente esse seu texto está maravilhoso; torno-me até suspeita por falar de seus textos, mas é verdade, logo você falou de um comportamento muito comum e que pouco pecerbemos, o valor que damos a determinadas coisas, que às vezs são somente objetos ou animais e por isso, esquecemos a valorização, tão pouco presente nos dias de hoje, do ser humano. Espero que pessoas como você continue dando valor ao que realmente vale apena. Um beijo

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  2. O valor é bem relativo; sobre animais, por exemplo. O meu cachorro vale mais que algumas pessoas. Mas eu não personifico ele. Eu o amo muito, mas ele é o meu bicho de estimação, e não eu uma "dona de estimação".

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  3. Brasil perdeu e a culpa foi de quem?? Da Jabulaaaaniiii?

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