Soteropolitanos sem Salvador

Cidade falida. É um (mili)metrô que não fica pronto nunca, um conglomerado de viadutos cortando a Rótula do Abacaxi, um projeto cruel de ponte com a ilha de Itaparica, um governo vendido para as grandes imobiliárias, segregação, shoppings caros e inúteis, fumaça, poeira, trânsito louco, alfhas e hortos invasores. Caos é o segundo nome de Salvador.

Começo pelo que atualmente acredito ser um dos maiores problemas que a prefeitura se nega a resolver: transporte público.
Ferroviários em greve porque a prefeitura não paga seus salários há algum tempo. Um projeto de metrô em obras há 10 anos. Mais? Ônibus lotado em qualquer horário do dia com gente pendurada na porta e tudo! Por quê? Monopólio. O que acontece? As empresas de ônibus são privadas; cada empresa tem um limite de frota; cada pessoa tem um limite de empresas cadastradas em seu nome; quando a cota esgota, cria outra e coloca no nome do filho, depois do irmão, da esposa, etc etc. Consequências? Três mil carros a mais por mês circulando nas ruas de Salvador ocasionando congestionamentos enormes, ônibus cada vez mais cheios. Mas quem se importa se eu tô dividindo o espaço de um ônibus coletivo de capacidade para 90 pessoas com 150?? A solução? Bem, a providência tomada pela prefeitura foi uma verdadeira obra faraônica de sei lá quantos viadutos em uma mesma região da cidade. Mas com o aumento das vendas de carros a três mil mensais, logo esses viadutos não darão conta de conter os engarrafamentos. O que eu acredito ser a solução? Aumentar a frota dos ônibus, não trocando os ônibus convencionais pelos apropriados para atender os cadeirantes, e sim inserir os ônibus especiais sem substituir os outros, até porque os ônibus andam tão cheios que não há cadeira de rodas que consiga entrar; ônibus pontuais e vazios fariam com que mais pessoas abrissem mão de sair com o carro nos chamados "dias úteis" e tornaria o trânsito mais fácil. Pagar os ferroviários para que o trem funcione, consequentemente diminuindo o número de usuários dos ônibus seria mais que correto, seria sensato. Investir mais na construção de transportes verticais como elevador, em vez de "jogar tanto dinheiro fora" com um metrô de 6 km que parece mais uma montanha russa (já viram metrô que passa por cima da cidade?) que para somente em seis estações próximas do nada, com uma proposta de preço absurda (aproximadamente R$3,00) e tão óbvio que não atenderá às necessidades da população. Mas quem se importa?

As construtoras mandam na cidade e se seus tão competentes engenheiros, arquitetos e urbanistas dizem que uma ponte ligando Salvador à ilha de Itaparica será um bem para as duas populações, quem é que vai contrariar? E daí que isso vai prejudicar ainda mais o trânsito? E daí que isso terá impactos ambientais sérios? Quem que está dizendo isso? Uma estudante de Ciências Sociais que não entende nada de planejamento urbanístico e arquitetônico... e nem preciso entender para saber que o que está se fazendo é um projeto de gente gananciosa e capaz de qualquer negócio por dinheiro.

Mata a Mata Atlântica porque eu quero é morar no horto que tem um shopping, padarias, empresas, parques e que tem muros altos para a escória não me ver!!!! E as pessoas? Que vai fazer com quem já mora nessa região? Expulsa!! Se vira!!! Espreme todo mundo num caixão e enterra vivo, porque eu preciso de 33 hectares para morar!!

Ah minha querida cidade, quem haverá de ser seu Salvador??