sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Dia do Estudante

Meu texto mais recente não seria publicado. Mas chegou o Dia do Estudante (11 de agosto) e achei que não há período mais oportuno para postá-lo aqui. Antes, devo lhe contar qual foi a mola propulsora dessa produção.
Outro dia recebi um texto de meu ex-professor sobre Michael Jackson e o sonho dele (do professor) de lecionar. Acredite: há uma conexão. Minha reflexão imediata foi "quando é que o indivíduo ultrapassa os limites do ser "aluno" para ser "educando"?". Ele me "devolveu" dizendo "aí já é um novo texto, e esse eu deixo para você fazer." Fiz. Confira!


Eu tô aqui pra quê?
Será que é pra aprender?
Ou será que é pra sentar, me acomodar e obedecer?
[...]
Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Decoreba: esse é o método de ensino
Eles me tratam como ameba e assim eu não raciocino
[...]
Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida
Discutindo e ensinando os problemas atuais
E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais
[...]


Estudo Errado - Gabriel, O Pensador




"ALUNO" OU "EDUCANDO"?

          "Ninguém nasce sabendo." As pessoas nascem curiosas. E essa característica é responsável por estimular a busca pelo conhecimento. Portanto, é um equívoco reportar-se a uma pessoa como "aluno", cuja etimologia sugere ser esse indivíduo um "desprovido de luz". Porém, uma vez que a curiosidade inata não seja capaz de inquietar o indivíduo, ou que a mesma seja ignorada/reprimida, concebe-se o ser "aluno". 
          A respeito do sistema de educação pública - e por que não dizer privada? - do Brasil, pode-se inferir que a escola forma os mais perfeitos "alunos". No entanto, ultrapassar os limites desse ser "constituído" depende essencialmente do próprio ser.
          Qual seria, então, a diferença entre "aluno" e "educando"? Autonomia. Entende-se a importância de um educador-referência, mas a autonomia referida permite aceitar também a possibilidade da relação professor-educando, na qual o ser "educando" existe a partir de "estimulantes" outros . E é nisso que vou me ater: o papel que cada indivíduo escolhe - ou não - assumir.
          O aluno é dotado de certa passividade; aparece como espectador. Enquanto o educando é movido pela necessidade de "construir" o conhecimento, para além de absorvê-lo somente da fonte "professor". Essa construção só acontece com indivíduos protagonistas; pessoas capazes de lançarem sobre si a responsabilidade de um fazer melhor pensando no desenvolvimento pessoal e coletivo.
          Tal construção depende de vários exercícios. Proatividade, flexibilidade, disciplina, empreendedorismo - no sentido mais abrangente - são fundamentais. A proatividade é a capacidade de se antecipar às situações. A própria inquietude provocada pelo desejo de descobertas é uma evidência dessa característica. A flexibilidade é o poder de adaptação às circunstâncias que permite o educando utilizar suas aptidões em prol do desenvolvimento visado. O principal motivo que torna a disciplina essencial é que sem ela não é possível validar - ou mesmo concluir - uma produção educacional. O empreendedorismo, tão comumente usado na linguagem empresarial, tem ganhado espaço e aplicação em todos os campos da vida social; e no processo educativo, não se pode pensar essa construção, uma vez que o indivíduo não consiga perceber outros mecanismos de obtenção de conhecimento além do professor. O empreendedorismo constitui-se, portanto, o "motor" do educando.
          O educando é, também, um multiplicador. Por outro lado, o aluno apenas acumula informações às quais não dá nenhuma utilidade. O grande questionamento é: quantos estudantes estão dispostos a compartilhar seus conhecimentos e saberes com outros? Infelizmente, essa interrogação ainda não encontrou resposta.
          Por que alguns estudantes se sobressaem a outros? Porque ousam. Porque sobem no palco da educação e se mostram. Não se trata de subestimar os demais. O educando não tem essa pretensão; ao contrário, pensa de que forma a sua audácia pode servir de incentivo para outras pessoas. Atrai para si, não as atenções desejadas pelo indivíduo egocêntrico, mas os olhares que almejam se inserir nesse ciclo de aprendizagem.
          "E eu? Que papel eu assumo?" Essa deve ser a maior indagação de quem é estudante, seja matriculado em alguma instituição de ensino, ou simplesmente um "filtro" de aprendizados das experiências vivenciadas.

10 comentários:

  1. Uma boa análise da figura do estudante.. como é tratado, como deveria ser visto...
    Belo texto!
    ;D

    ResponderExcluir
  2. Já passei do tempo de ser estudante... AUHAUHAUHA

    BjauM!


    www.suportedamente.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. Adorei o blog, estou seguindo
    segue o meu tbm? *-*

    http://livreelouca.blogspot.com/

    beijoos

    ResponderExcluir
  4. Rafa, não há tempo certo para estudar. Passo no seu blog e no da Karine logo mais.
    Bjs.

    ResponderExcluir
  5. Muito bom seu texto.. *-* adoreiii !!! =D

    http://projetosdeumlouco.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  6. muito legal!! :D

    se dé, dá uma passada no meu tbm: http://vitinjimme.blogspot.com/


    beijos e sucesso ae !

    ResponderExcluir
  7. Nossa, muito bom o blog ;)

    ResponderExcluir
  8. mas uma vez você me tras um verdadeiro exemplar de escrita que não posso conciderar menos do que perfeita para se ler, hj eu como educador, posso ver e diferenciar facilmente os alunos dos educandos.

    meus parabens seu blog ta muito legal.
    (http:\\caminho-dos-anjos.blogspot.com)

    ResponderExcluir
  9. Lai minha amiga, o texto está maravilhoso, gostoso de ler. Quantos alunos encontramos no nosso caminho? Torcer pra encontrarmos educandos, multiplicadores de conhecimento... Lindo o blog. Um bjo

    ResponderExcluir